A Hierarquia Angélica
No Cristianismo os
anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de classificação em coros
ou hierarquias angélicas. A mais influente de tais classificações com 9 coros
foi estabelecida por Dionisio Aeropagita entre
os séculos IV e V.
De todas estas
ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de Aquino,
divide os anjos em nove coros ou ordens angelicais, agrupados em três tríades
ou hierarquias.
PRIMEIRA HIERARQUIA:
É formada pelos Santos
Anjos que estão em íntimo contato com o CRIADOR. Dedicam-se a Amar, Adorar e
Glorificar a DEUS numa constante e permanente frequência, em grau bem mais
elevado que os outros Coros: Serafins, Querubins e Tronos.
SERAFINS:
O nome “seraph” deriva
do hebreu e significa “queimar completamente”. Segundo o conceito
hebraico, o Serafim não é apenas um ser que “queima”, mas “que se consome” no
amor ao Sumo Bem, que é o nosso DEUS Altíssimo.
Na Sagrada Escritura os
Santos Anjos Serafins aparecem somente uma única vez, na visão de Isaias: (Is
6,1-2)
QUERUBINS:
São considerados
guardas e mensageiros dos Mistérios Divinos, com a missão especial de
transmitir Sabedoria. No início da criação, foram colocados pelo CRIADOR para
guardar o caminho da Árvore da Vida.(Gn 3,24)
Na Sagrada Escritura o nome dos Santos Anjos
Querubins é o mais citado, aparecendo cerca de 80 vezes nos diversos livros.
São também os Querubins os seres misteriosos que Ezequiel descreve na visão que
teve, no momento de sua vocação: (Ez 10,12)
Quando Moisés recebeu as prescrições para a
construção da Arca da Aliança, onde o SENHOR habitou, o trono Divino foi
colocado entre dois Querubins: (Ex 25,8-9.18-19) Estas considerações atestam
que os Querubins são conhecedores dos Mistérios Divinos.
TRONOS:
Acolhem em si a
Grandeza do CRIADOR e a transmitem aos Santos Anjos de graus inferiores. São
chamados “Sedes Dei” (Sede de DEUS). Em síntese, os Tronos são aqueles
Santos Anjos que apresentam aos Coros inferiores, o esplendor da Divina
Onipotência.
SEGUNDA HIERARQUIA:
São os Santos Anjos que
dirigem os Planos da Eterna Sabedoria, comunicando aqueles projetos aos Anjos
da Terceira Hierarquia, que vigiam o comportamento da humanidade. Eles são
responsáveis pelos acontecimentos no Universo. Esta Hierarquia é formada pelos
seguintes
Coros de Anjos: Dominações, Potestades e Virtudes.
DOMINAÇÕES:
São aqueles da alta
nobreza celeste. Para caracterizá-los com ênfase, São Gregório escreveu:
“Algumas fileiras do exército
angélico chamam-se Dominações, porque os restantes lhe são submissos, ou seja,
lhe são obedientes”. São enviados por DEUS a missões mais relevantes e também,
são incluídos entre os Santos Anjos que exercem a “função de Ministro de DEUS”.
POTESTADES:
É o Coro Angélico
formado pelos Santos Anjos que transmitem aquilo que deve ser feito, cuidando
de modo especial da “forma” ou “maneira” como devem ser feitas as coisas.
Também são os Condutores da ordem sagrada.
Pelo fato de transmitirem o poder que recebem de DEUS, são espíritos de alta
concentração, alcançando um grau elevado de contemplação ao CRIADOR.
VIRTUDES:
As atribuições dos
Santos Anjos deste Coro, são semelhantes aquelas dos Santos Anjos do Coro
Potestades, porque também eles transmitem aquilo que deve ser feito pelos
outros Anjos, mas sobretudo, auxiliam no sentido de que as coisas sejam
realizadas de modo perfeito.
Assim, eles também têm a missão de remover os
obstáculos que querem interferir no perfeito cumprimento das ordens do CRIADOR.
São considerados Anjos fortes e viris. Quem sofre de fraquezas físicas ou
espirituais, deve invocar por meio de orações, o auxílio e a proteção de um
Santo Anjo do Coro das Virtudes.
TERCEIRA HIERARQUIA:
É formada pelos Santos
Anjos que executam as ordens do Altíssimo. Eles estão mais próximos de nós e
conhecem a fundo a natureza de cada pessoa que devem assistir, a fim de poderem
cumprir com exatidão a Vontade Divina: insinuando, avisando ou castigando,
conforme o caso. Esta Hierarquia é formada pelos: Principados, Arcanjos e
Anjos.
PRINCIPADOS:
Os Santos Anjos deste
Coro são guias dos mensageiros Divinos. Não são enviados a missões modestas, ao
contrário, são enviados a príncipes, reis, províncias, Dioceses, de
conformidade com o honroso título de seu
Coro.
No livro de Daniel são
também apresentados como protetores de povos: (Dn 10,13) Significa dizer, que
são aqueles Anjos que levam as instruções e os avisos Divinos, ao conhecimento
dos povos que lhe são confiados.
Porém, quando esses
mesmos povos recusam aceitar as mensagens do SENHOR, os Principados transformam-se
em Anjos Vingadores, e derramam as taças da ira Divina sobre eles, de forma a
reconduzi-los através do castigo e da dor, de volta ao DEUS de Amor e
Misericórdia que eles abandonaram propositalmente.
ARCANJOS:
A ordem tradicional dos
Coros Angélicos coloca os “Arcanjos” entre os “Principados” e os
“Anjos”. Pelas funções que desempenha, acreditamos que ele deve estar
colocado no mais alto Coro dos Santos Anjos.
Gabriel também é chamado de
Arcanjo, e da mesma maneira que Miguel, através das páginas da Sagrada
Escritura, vê-se que é conhecedor dos mais profundos Mistérios de DEUS,
inclusive foi Gabriel quem Anunciou a MARIA que Ela estava cheia de graças e
tinha sido escolhida pelo CRIADOR, para MÃE DE DEUS.
Por outro lado, também Rafael é denominado
pela Igreja como um Arcanjo. A respeito de Rafael, no Livro de Tobias, ele
mesmo confirma que está diante de DEUS:
“Eu sou Rafael, um dos sete Anjos que
estão sempre presentes e tem acesso junto à Glória do SENHOR”. (Tb 12,15)
ANJOS:
Os Santos Anjos recebem
as ordens dos Coros superiores e as executam. Outro aspecto que não pode ser
esquecido, é o fato de que os Santos Anjos, guardadas as devidas proporções,
estão mais perto da
humanidade e por assim dizer, convivendo conosco e
prestando um serviço silencioso mas de valor incomensurável à cada pessoa. O
CRIADOR inspirou o escritor sagrado no Livro Êxodo, da Bíblia Sagrada:
“Eis que envio um Anjo diante de ti,
para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para
ti. Respeita a sua presença e observa a sua voz, e não lhe sejas rebelde,
porque não perdoará a vossa transgressão, pois nele está o Meu Nome.
Mas se
escutares fielmente a sua voz e fizeres o que te disser, então serei inimigo
dos teus inimigos e adversário dos teus adversários”. (Ex 23,20-22)
Dionísio foi um dos
primeiros a propor um
sistema organizado do estudo dos anjos e seus escritos tiveram muita
influência, mas foi precedido por outros escritores, como São Clemente, Santo
Ambrósio e São Jerônimo.
Na Idade Média surgiram
muitos outros esquemas, alguns baseados no do Areopagita, outros independentes,
sugerindo uma hierarquia bastante diferente. Alguns autores acreditavam que
apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos assuntos humanos.
No Cristianismo a fonte
primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas, embora existam apenas
sugestões ambíguas para a construção de um sistema como ele se desenvolveu em
tempos posteriores.
Os anjos aparecem em vários momentos da
história narrada na Bíblia, como quando três anjos apareceram a
Abraão. Isaías fala de serafins; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria
recebeu uma visita angélica na anunciação do futuro nascimento de Cristo, e o
próprio Jesus
fala deles em vários
momentos, como quando sofreu a tentação no deserto e na cena do horto das
oliveiras, quando um anjo lhe fortalecia antes da Paixão. São Paulo faz alusão
a cinco ordens de anjos.
Tradições esotéricas
cristãs também foram invocadas para se organizar um quadro mais exato. As
classificações propostas na Idade Média são as seguintes:
- São Clemente, em Constituições
Apostólicas, século I:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 8.
Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações.
- Santo Ambrósio, em Apologia
do Profeta David, século IV:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8.
Anjos, 9. Arcanjos.
- São Jerônimo, século IV:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos.
- Pseudo-Dionísio, o Areopagita,
em De Coelesti Hierarchia, c. século V:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8.
Arcanjos, 9. Anjos.
- São Gregório Magno, em Homilia, século
VI:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8.
Arcanjos, 9. Anjos.
- Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8.
Arcanjos, 9. Anjos.
- João de Damasco, em De Fide Orthodoxa,
século VIII:
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7.
Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos.
- São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274):
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3.
Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8.
Arcanjos, 9. Anjos.
- Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321):
- 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos.
Postado por Dharmadhannya
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