Anjo
Anjo (do latim angelus
e do grego ángelos (ἄγγελος), mensageiro), segundo a tradição judaico-cristã, a
mais divulgada no ocidente, conforme relatos bíblicos, são criaturas
espirituais, conservos de Deus como os homens (Apocalipse 19:10), que servem
como ajudantes ou mensageiros de Deus.
Na iconografia comum, os anjos geralmente têm
asas de ave, um halo e tem uma beleza delicada, emanando forte brilho. Por
vezes são representados como uma criança, por sua inocência e virtude.
Os relatos bíblicos e a hagiografia cristã
contam que os anjos muitas vezes foram autores de fenômenos milagrosos e a
crença corrente nesta tradição é que uma de suas missões é ajudar a humanidade
em seu processo de aproximação a Deus.
Os anjos são ainda
figuras importantes em muitas outras tradições religiosas do passado e do
presente e o nome de "anjo" é dado amiúde indistintamente a todas as
classes de seres celestes.
Os muçulmanos, zoroastrianos, espíritas, hindus e
budistas, todos aceitam como fato sua existência, dando-lhes variados nomes,
mas às vezes são descritos como tendo características e funções bem diferentes
daquelas apontadas pela tradição judaico-cristã, esta mesma apresentando
contradições e inconsistências de acordo com os vários autores que se ocuparam
deste tema.
As três tríades[editar
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De todas estas
ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de Aquino,
divide os anjos em nove coros, agrupados em três tríades.
Primeira tríade
A primeira tríade é
composta pelos anjos mais próximos de Deus, que desempenham suas funções diante
do Pai.
Serafins
Serafins rodeando o
trono de Deus, em iluminura das Petites Heures de Jean de Berry século XIV
O nome serafim vem do
hebreu saraf (שרף), e do grego, séraph, que significam "abrasar, queimar,
consumir". Também foram chamados de ardentes ou de serpentes de fogo. É a
ordem mais elevada da esfera mais alta.
São os anjos mais próximos de Deus e
emanam a essência divina em mais alto grau. Assistem ante o Trono de Deus e é
seu privilégio estar unido a Deus de maneira mais íntima, e são descritos em
Isaías como cantando perpetuamente o louvor de Deus e tendo seis asas.
O Pseudo-Dionísio diz
que sua natureza ígnea espelha a exuberância de sua atividade perpétua e
infatigável, e sua capacidade de inflamar os anjos inferiores no cumprimento
dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e iluminando suas
inteligências, destruindo toda sombra.[3]
Pico della Mirandola fala deles em sua Oração
sobre a Dignidade do Homem (1487) como incandescentes do fogo da caridade, e
modelos da mais alta aspiração humana [4]
Querubins
Do hebreu כרוב - keruv, ou do plural כרובים - keruvim, os
querubins são seres misteriosos, descritos tanto no Cristianismo como em
tradições mais antigas às vezes mostrando formas híbridas de homem e animal.
Os
povos da Mesopotâmia tinham o nome karabu e suas variantes para denominar seres
fantásticos com forma de touro alado de face humana, e a palavra significa em
algumas daquelas línguas "poderoso", noutras "abençoado".
No Gênesis aparece um
querubim como guardião do Jardim do Éden, expulsando Adão e Eva após o pecado
original (Gênesis 3:23-24). Ezequiel os descreve como guardiães do trono de
Deus e diz que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se
parecia com som de vozes humanas;
a cada um estava ligada uma roda, e se moviam
em todas as direções sem se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, (O leão
sempre foi reconhecido como forte, feroz, majestoso, ele é o rei dos animais e
essa face simboliza então sua força).
Touro, (o touro é
reconhecido como um animal que trabalha pacientemente para seu dono. Ele é
forte, podendo carregar um urso, e conhece o seu dono).
Águia, (como um anjo,
este pássaro voa acima das tempestades, enquanto abaixo delas existem
tristezas, perigos, e angústias. Um pássaro ligeiro e poderoso, elegante,
incansável) e homem, Esta face fala da mente, razão, afeições, e todas as
coisas que envolvem a natureza humana, isso, para alguns estudiosos, significa
que eles assim como os homens possuem o livre arbítrio.
E eram inteiramente
cobertos de olhos, significando a sua onisciência (Ezequiel 10). Mas as imagens
querubins que Moisés colocou sobre a Arca da Aliança tinham forma humana,
embora com asas (Êxodo 25:10-21; Êxodo 37:7-9).
Os Querubins, para
alguns teólogos, ocupam o topo da hierarquia, pois alguns não consideram os
serafins como anjos , uma vez que a palavra hebraica para anjo é
"malak" (mensageiro) e da mesma forma no grego, anjo é
"angelus" (mensageiro) e estas figuras aladas que aparecem, na
Bíblia, apenas em Isaías capítulo 6, onde exaltam a Deus mas não comunicam
mensagens ao profeta.
São Jerônimo e Santo
Agostinho interpretam seu nome como "plenitude de sabedoria e
ciência". São representados muitas vezes como crianças pequenas dotadas de
asas, chamados putti (meninos) em italiano.
Têm o poder de conhecer e
contemplar a Deus, e serem receptivos ao mais alto dom da luz e da verdade, à
beleza e à sabedoria divinas em sua primeira manifestação. Estão cheio do amor
divino e o derramam sobre os níveis abaixo deles.[5]
Satanás é descrito como
o querubim ungido, sendo chamado antes pelo nome de Lúcifer ou Belial.
Tronos ou Ofanins
Ver artigo principal:
Tronos
Os Tronos têm seu nome
derivado do grego thronos, que significa "anciãos". São chamados
também de "erelins" ou"ofanins", ou algumas vezes de Sedes
Dei (Trono de Deus), e são identificados com os 24 anciãos que perpetuamente se
prostram diante de Deus e a Seus pés lançam suas coroas (Apocalipse
11:16-17) São os símbolos da autoridade divina e da humildade, e da
perfeita pureza, livre de toda contaminação.[5]
Segunda tríade
A segunda tríade é
composta pelos príncipes da corte celestial.
Dominações
As Dominações ou
Domínios (do latim dominationes) têm a função de regular as atividades dos
anjos inferiores, distribuem aos outros anjos as funções e seus mistérios, e
presidem os destinos das nações.
Crê-se que as Dominações possuam uma forma
humana alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros
indicativos de seu poder de governo.
Sua liderança também é afirmada na tradução do
termo grego kyriotes [küriotés], que significa "senhor", aplicado a
esta classe de seres.
São anjos que auxiliam
nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos logo. Também atuam como
elementos de integração entre os mundos materiais e espirituais, embora raramente
entrem em contato com as pessoas.
Virtudes
As Virtudes são os
responsáveis pela manutenção do curso dos astros para que a ordem do universo
seja preservada. Seu nome está associado ao grego dunamis, significando "poder" ou "força", e
traduzido como "virtudes" em Efésios 1:21, e seus atributos são a
pureza e a fortaleza.
Pseudo-Dionísio diz que eles possuem uma virilidade e
poder inabaláveis, buscando sempre espelhar-se na fonte de todas as virtudes e
as transmitindo aos seus inferiores.[5]
Orientam as pessoas
sobre sua missão. São encarregados de eliminar os obstáculos que se opõe ao
cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações
para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina
providência.
Eles são particularmente importantes porque
têm a capacidade de transmitir grande quantidade de energia divina. Imersas na
força de Deus, as Virtudes derramam bênçãos do alto, frequentemente na forma de
milagres. São sempre associados com os heróis e aqueles que lutam em nome de
Deus e da verdade. São chamados quando se necessita de coragem.
Potestades
As Potestades ou
Potências são também chamadas de "condutores da ordem sagrada".
Executam as grandes ações que tocam no governo universal. Eles são os
portadores da consciência de toda a humanidade, os encarregados da sua história
e de sua memória coletiva, estando relacionados com o pensamento superior -
ideais, ética, religião e filosofia, além da política em seu sentido abstrato.
Também são descritos
como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus.
Seus atributos de organizadores e agentes da Inteligência
iluminada são enfatizados pelo Pseudo-Dionísio, e acrescenta que sua autoridade
é baseada no espelhamento da ordem divina e não na tirania. Eles têm a
capacidade de absorver e armazenar e transmitir o poder do plano divino, donde
seus nomes.[5]
Os anjos do nascimento
e da morte pertencem a essa categoria. São também os guardiões dos animais.
Terceira tríade
A terceira tríade é
composta pelos anjos ministrantes, que são encarregados dos caminhos das nações
e dos homens e estão mais intimamente ligados ao mundo material.
Principados
Os Principados, do
latim principatus, são os anjos
encarregados de receber as ordens das Dominações e Potestades e transmití-las
aos reinos inferiores, e sua posição é representada simbolicamente pela coroa e
cetro que usam.
Guardam as cidades e os países. Protegem
também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão revestidos de uma
autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as
dioceses, e velam pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da
arte e da ciência.
Arcanjo
O nome de arcanjo vem
do grego αρχάγγελος, arkangélos, que significa "anjo principal" ou
"chefe", pela combinação de archō, o primeiro ou principal
governante, e άγγελος, aggělǒs, que quer dizer "mensageiro".
Este título é
mencionado no Novo Testamento por duas vezes e a esta ordem pertencem os únicos
anjos cujos nomes são conhecidos através da Bíblia:
Miguel, Rafaele Gabriel.
Miguel é especificamente citado como "O" arcanjo,[6] ao passo que,
embora se presuma pela tradição que Gabriel também seja um arcanjo, não há
referências sólidas a respeito. Rafael descreve a si mesmo como "um dos
sete que estão diante do Senhor" em Tobias 12:15, uma classe de seres
mencionada também Apocalipse 1:5.
Considerado canônico
somente pela Igreja Ortodoxa da Etiópia, o "Livro de Enoque" fala de
mais quatro arcanjos, Uriel, Ituriel, Amitiel e Samuel, responsáveis pela
vigilância universal durante o período dos nefilim, os "anjos
caídos".
Contudo em outras fontes apócrifas estes são por vezes chamados
de querubins. A igreja Ortodoxa faz de Uriel um arcanjo e o festeja com Rafael,
Gabriel e Miguel na festa de "Miguel e os outros Poderes
Incorpóreos", em 21 de novembro.
Seu caráter de
mensageiros, ou intermediários, é assinalada pelo seu papel de elo entre os
Principados e os Anjos, interpretando e iluminando as ordens superiores para
seus subordinados, além de inspirar misticamente as mentes e corações humanos
para execução de atos de acordo com a vontade divina[7] .
Atuam assim como
arautos dos desígnios divinos, tanto para os Anjos como para os homens, como
foi no caso de Gabriel na Anunciação a Maria. A cultura popular faz deles
protetores dos bons relacionamentos, da sabedoria e dos estudos, e guerreiros
contra as ações do Diabo.
Os anjos são os seres
angélicos mais próximos do reino humano, o último degrau da hierarquia angélica
acima descrita e pertencentes à sua terceira tríade. A tradição hebraica, de
onde nasceu a Bíblia, está cheia de alusões a seres celestiais identificados
como anjos, e que ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo ordens
divinas.
São citados em vários textos místicos judeus, especialmente nos
ligados à tradição Merkabah. Na Bíblia são chamados de מלאך אלהים (mensageiros de Deus),
מלאך יהוה (mensageiros do Senhor), בני אלוהים (filhos de Deus) e הקדושים (santos).[8]
São dotados de vários poderes supernaturais, como o de se
tornarem visíveis e invisíveis à vontade, voar, operar milagres diversos e
consumir sacrifícios com seu toque de fogo. Feitos de luz e fogo (Jó 15:15;
Salmos 104:4), sua aparição é imediatamente reconhecida como de origem divina
também por sua extraordinária beleza.
Anjos especiais
Anjo da guarda
Dentre os anjos da
tradição cristã está o tipo do anjo da guarda, chamado"fravashi"
pelos seguidores de Zoroastro, e ao anjo da guarda, como o nome diz, é confiada
individualmente cada pessoa ao nascer, protegendo-a do mal até onde a ordem
divina o permita, fortalecendo corpo e alma e inspirando-a à prática das boas
ações.
O Anjo do Senhor
Na Bíblia, sobretudo no
Antigo Testamento há várias menções à aparição doAnjo do Senhor. A expressão
"Anjo do Senhor" causa curiosidade por tratar-se não apenas de mais
um anjo e sim de um anjo específico, considerando a antecedência do artigo definido
o.
De acordo com algumas
posições teológicas, o Anjo do Senhor que fez vários contatos com personagens
bíblicos, entre os quais Abraão, Hagar, Gideão, sendo aparições do próprio Deus
e constituindo, portanto, uma espécie de teofania ou até mesmo uma cristofania.[9]
Também é conhecido como
o "Anjo da Presença", embora este termo tenha em certas filosofias um
significado bem específico. O Anjo da Presença, segundo o pensamento gnóstico e
cristão esotérico, não é um ser com vida própria, mas sim uma forma-pensamento
que representa Cristo durante o sacramento da Eucaristia e é um veículo da Sua
consciência e das Suas bênçãos.[10] [11]
Lúcifer
Segundo diversas
tradições, Lúcifer seria um Querubim que se rebelou contra o Arcanjo Miguel, e
contra o próprio Deus, sendo posto por Miguel para fora do Céu. Com Lúcifer
foram todos seus seguidores.
Outros teólogos e
alguns grupos cristãos como as Testemunhas de Jeová, afirmam que "a única
referência a Lúcifer na Bíblia aplicava-se a Nabucodonosor, rei de Babilônia.
E
embora a arrogância dos governantes babilônicos realmente refletisse a atitude
de Satanás que também anseia ter poder e deseja colocar-se acima de Deus, a
Bíblia não atribui claramente o nome Lúcifer a Satanás".[12]
Os anjos em outras
tradições
Anjo (judaísmo)
Anjo (em hebraico: מַלְאָךְ, malach,
"mensageiro") é um ente no maioria das vezes espiritual que serve de
elo transmissor entre o homem e o Criador. Sua existência é denotada em vários
trechos da Bíblia hebraica e em diversos textos da literatura rabínica e do
folclore judaico.
Alguns anjos são
citados por nome, até mencionados em excertos da liturgia religiosa, e também
servem de protetores da humanidades e das pessoas individualmente.
São entes inteligentes mas vinculados e
dependentes do poder Divino, que podem assumir diversos tipos de tarefas, que,
aos olhos humanos, podem ser boas ou más.
Budismo e hinduísmo
O Budismo e o Hinduísmo
descrevem os anjos, ou devas, como os chamam, de maneira semelhante às outras
religiões ocidentais. Seu nome deriva da raiz sânscrita div, que significa
"brilhar", e seu nome significa, então, os "seres
brilhantes" ou "auto-luminosos".
Dizem que alguns deles comem e
bebem, e podem construir formas ilusórias para poderem se manifestar em planos
de existência diferentes dos seus próprios.
O Budismo estabelece uma categorização
bastante completa para os seus devas, em grande parte herdada da tradição
hinduísta.
Islamismo
Sultão Muhammad: A
Mi'raj, ou Ascensão de Maomé, rodeado de anjos. Iluminura, c. 1650
A angelologia islâmica
é largamente devedora às tradições do zoroastrianismo, do judaísmo e do
cristianismo primitivo, e divide os anjos em dois partidos principais, os bons,
fiéis a Deus, e os maus, cujo chefe é Iblis ouAsh-Shaytan, privados da graça
divina por terem se recusado a prestar homenagens a Adão..[13]
Por outro lado, existe
também no Islamismo uma categorização hierárquica. Em primeiro lugar estão os
quatro Tronos de Deus, com formas de leão, touro, águia e homem.
Em seqüência, vêm o querubim, e logo os quatro
arcanjos:Jibril ou Jabra'il, o revelador, intermediário entre Deus e os
profetas e constante auxiliador de Maomé; Mikal ou Mika'il, o provedor, citado
apenas uma vez no Corão (2:98) e quem, segundo a tradição, ficou tão
horrorizado com a visão do inferno quando este foi criado que jamais pôde falar
de novo;
Izrail, o anjo da
morte, uma criatura espantosa de dimensões cósmicas, quatro mil asas e um corpo
formado de tantos olhos e línguas quantas são as pessoas da Terra, que se posta
com um pé no sétimo céu e outro no limite entre o paraíso e o inferno; e
Israfil, o anjo do julgamento, aquele que tocará a trombeta no Juízo Final;
tem um corpo cheio de pelos e feitos de
inumeráveis línguas e
bocas, quatro asas e uma estatura que vai desde o trono de
Deus até o sétimo céu.[14] Por fim, os demais anjos.
Como uma classe à parte estão os gênios, ou
djins, que possuem muitas características humanas, como a capacidade de se
alimentar, propagar a espécie, e morrer, e cujo caráter é ambíguo.[15]
Espiritismo
O Espiritismo faz uma
descrição em muito semelhante à judaico-cristã, considerando-os seres perfeitos
que atuam como mensageiros dos planos superiores, sem, no entanto, tentar
atribuir forma ou aparência a tais seres: seria apenas uma visão de suas formas
morais.
A diferença da visão espírita se faz apenas
pelo raciocínio de que Deus, sendo soberanamente justo e bom (atributos que
seguem-lhe a perfeição, ou seja, Deus não precisa evoluir, já é e sempre foi
perfeito e imutável), não os teria criado perfeitos, pois isso seria creditar a
Deus a capacidade de ser injusto, face à necessidade que os homens enfrentam de
experimentação sucessiva para aperfeiçoarem-se.
O Espiritismo apresenta a visão de que tais
seres angélicos, independente de suas hierarquias celestiais, estão nesse ponto
evolutivo por mérito próprio, são espíritos santificados e livres da
interferência da matéria pelas próprias escolhas que fizeram no sentido
evolutivo e de renúncia de si mesmos ao longo do tempo, sendo facultado também
aos homens atuais - ainda muito materializados - atingirem, através de seus
esforços morais e intelectuais nas múltiplas reencarnações, tais pontos de
perfeição[16] .
Segundo Allan Kardec,
os anjos seriam os espíritos elevados de benignidade superior que são
protetores dos necessitados e mensageiros do amor.[17] Seriam, portanto,
aqueles que trazem mensagens do mundo incorpóreo. Por este motivo seriam
chamados de anjos, palavra que significa mensageiros, os quais aparecem
inúmeras vezes nos textos sagrados de religiões judaico-cristãs, indicando a
comunicabilidade entre vivos e mortos.
Ainda segundo o
Espiritismo, os anjos, em sua concepção mais comumente conhecida e aceita -
criaturas perfeitas, a serviço direto de Deus - seriam os espíritos que já
alcançaram a perfeição passível de ser alcançada pelas criaturas. Estes, ao
fazê-lo, passariam a dedicar a sua existência a fazer cumprir a vontade de Deus
na Criação, por serem capazes de compreendê-la completamente.
Entretanto, a alma,
qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e daí o ser
falível. Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la.
Assim, um passo em
falso na senda do mal é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as consequências,
aprende à sua custa o que importa evitar. Deste modo, pouco a pouco, se
desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia espiritual até ao estado de puro
Espírito ou anjo.
Os anjos são, pois, as
almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo
em sua plenitude a prometida felicidade.
Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam
de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na
ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo
desempenho se sentem ditosas, tendo ainda nele um meio de progresso.[18]
De toda a eternidade
tem havido, pois, puros espíritos ou anjos; mas, como a sua existência humana
se passou num infinito passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre
anjos de todos os tempos.
Realiza-se assim a
grande lei de unidade da Criação; Deus nunca esteve inativo e sempre teve puros
Espíritos, experimentados e esclarecidos, para transmissão de suas ordens e
direção do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes.
Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de
obrigações; todos, antigos e novos, adquiriram suas posições na luta e por
mérito próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras.
Teosofia
Anatomia esquemática do
anjo patrono do santuário de Borobudur, Java, segundo indicações do teosofista
Geoffrey Hodson em seu livro O Reino dos Deuses. Sua forma é na verdade
esférica, com feixes de luz irradiante, e aqui se mostra em corte. Os círculos
regulares concêntricos de sua aura indicam sua avançada evolução. Muitos
detalhes foram omitidos
A Teosofia admite a
existência dos seres angélicos, e várias classes dentre eles, embora existam
relativamente poucos estudos neste campo que as sistematizem profundamente, dos
quais os de Charles Leadbeater e sobretudo Geoffrey Hodson são as fontes mais
ricas e interessantes.
Charles Leadbeater diz
que, sendo um dos muitos reinos da criação divina, o reino angélico também
está, como os outros, sujeito à evolução, e que existem grandes diferenças em
poder, sabedoria, amor e inteligência entre seus integrantes.
Pelo mesmo motivo, o de constituírem um reino
independente, com interesses e metas próprias, diz que os anjos não existem
mormente em função dos homens e seus problemas, como reza a cultura popular,
apesar de assistí-los de uma variedade imensa de formas, como por exemplo na
ministração dos sacramentos das igrejas, na cura espiritual e corporal dos
seres humanos, e na sua inspiração, encorajamento, proteção e instrução.[19][20]
Mesmo que o reino angélico como um todo esteja
envolvido em muitas tarefas que não dizem respeito ao homem, Leadbeater afirma
em A Ciência dos Sacramentos que existe uma classe deles especialmente
associada aos seres humanos, a dos anjos da guarda, na verdade uma espécie de
silfos, à qual se confia uma pessoa por ocasião de seu batismo, e que por seu
serviço conquistam a individualização, tornando-se serafins.[21]
Os anjos são descritos
por Hodson como tendo uma atitude em relação a Deus completamente diversa da
humana, não concebendo uma existência personalizada individual, mas sim uma
consciência única central e ao mesmo tempo difusa e onipresente, de onde suas
próprias consciências derivam e à qual estão inextrincavelmente ligadas.
Sentem-se unidos a esta consciência e para
eles não é possível, exatamente por esta unidade, experimentarem egoísmo,
separatividade, desejo, possessividade, ódio, medo, revolta ou amargura. Apesar
de serem essencialmente seres amorosos, seu amor é impessoal, sendo extremamente
raras associações estreitas com quaisquer indivíduos.
Em seus estudos Hodson os
divide em quatro tipos principais, associados aos quatro elementos da filosofia
antiga: terra, água, fogo e ar.
Hodson faz também uma
associação dos anjos com a Árvore Sefirotal, derivada da tradição Cabalística,
definindo dez ordens. Afirma que um dos aspectos do Logos é de natureza
angélica e acrescenta que ao reino angélico pertencem os chamados espíritos da
natureza.
Muitos destas classes estão envolvidos em
processos naturais básicos como a formação celular e cristalização mineral,
sendo por isso de dimensões microscópicas, constituindo os primeiros degraus da
sua longa evolução em direção aos anjos planetários e formas ainda mais
grandiosas como os grandes arcanjos solares, de estatura verdadeiramente
colossal, a ponto de poderem ser percebidos de pontos próximos à extremidade
externa do sistema solar.
]
Outros tipos são os silfos, as salamandras, as
fadas, dríades, ondinas e os variados espíritos da natureza conhecidos desde a
antigüidade em várias culturas. Suas descrições dão uma vívida ideia da
importância destes seres na manutenção da ordem cósmica e na manifestação do
universo desde sua origem insondável até as formas físicas, passando por todos
os degraus intermédios.
Em seu livro O Reino dos Deuses oferece uma série de
ilustrações do aspecto dos vários tipos de anjos, diferindo radicalmente das
tradicionais representações angélicas da cultura ocidental, e diz que apesar
disso ambos, anjo e homem, derivam suas formas de um mesmo arquétipo.[22] [23]
[24]
Na Literatura
Pouco espaço foi
ocupado pelo anjo na modernidade, sobrevivendo na literatura por meio do culto
dos jovens. No entanto, perdeu seu significado original e assumiu outro: um ser
romântico que muitas vezes foi "amaldiçoado" ao se apaixonar por uma
humana, as histórias mais recentes são a dos livros "Fallen" (com
direitos comprados pela Disney) que é o primeiro volume da saga composta por
Tormenta, Paixão e Rapture.
Também é famosa a saga "Hush Hush",
composta por Sussurro, Crescendo e Silêncio. Já "Halo" trata de um
amor que ultrapassa as barreiras do céu e do inferno". A saga "Os
Instrumentos Mortais", também tem a temática sobre serafins, e seus
descendentes na terra, os Caçadores de Sombras, que protegem os humanos de
demônios.
Além disso a cultura
popular em vários países do mundo deu origem a um copioso folclore sobre os
anjos, que muitas vezes se afasta bastante da descrição mantida pelos credos Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre. institucionalizados dessas regiões.
As classificações propostas na Idade Média são as seguintes:
• São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 8. Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações.
• Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos.
• São Jerônimo, século IV:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos.
• Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
• São Gregório Magno, em Homilia, século VI:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
• Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos
• São João Damasceno, em De Fide Orthodoxa, século VIII:
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos.
• São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274):
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos.
• Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321):
• 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos.
Referencias
1.
DIONYSIUS, the Areopagite: The
Celestial Hierarchy
2.
Anjos na Bíblia
3.
DIONYSIUS, op cit. VII
4.
Giovanni
Pico della MIRANDOLA. Oration on the Dignity of Man
Dionísio, De Coelesti Hierarchia, VIII
5.
J. STRONG. Strong's
Exhaustive Concordance of the Bible, Riverside Books and Bible House, Iowa
Falls (Iowa),ISBN 0-917006-01-1.
6.
Dionísio, "Da Hierarquia
Celeste", IX
7.
Ludwig BLAU & Kaufmann KOHLER. Angelology.
In Jewish Encyclopedia
8.
Paul MIZI. Cristo: o
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9.
LEADBEATER, Op. cit
10.
Santa Eucaristia. Missão
de São Paulo Apóstolo da Igreja Católica Liberal 1
Estudo Perspicaz das
Escrituras, it-1 379
11. Santa Eucaristia. Missão de São Paulo Apóstolo da Igreja Católica Liberal
12. Estudo Perspicaz
das Escrituras, it-1 379
13. Mohammed. The Truth Seekers
14. Angels in Islam, a partir de Encyclopædia Britannica,
Inc. On-line 2002
15. Mohammed. The Truth Seekers.
16. O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 1865
17. Allan KARDEC. O Livro dos Espíritos, Parte 2,
Capítulo 1
18. Vede 1ª Parte, cap. III, O céu.
19. Leadbeater, Charles. O Festival dos Anjos
20 Leadbeater, Charles. Los Ángeles Custodios e otros
Protectores Invisibles Biblioteca Upasika
21 Leadbeater, Charles.The Science of the Sacraments
22. Geoffrey HODSON. As Hostes Angélicas Geoffrey
HODSON. O Reino dos Deuses. São Paulo: Pensamento, sd.
23. Geoffrey HODSON. A Fraternidade de Anjos e Homens. São
Paulo: Pensamento, sd.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anjo#As_tr.C3.AAs_tr.C3.ADades
Postado por dharmadhannya
Psicoterapeuta Transpessoal.
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